Os feijões crescem na primavera
E o menino seguiu a estrada de tijolos
sorrindo, o sorriso dos tontos
que sentem pena das maçãs
quando essas estão verdes e imaturas
ainda esperando o tempo de amadurecer
para tornarem-se vermelhas e crescer
como o menino que espera
pelo suspiro da amada angelical
o doce sopro do anjo final
que declara o amor como o seu sinal
de que a vida é imortal
O menino continua caminhando
na trilha de tijolos amarelos
onde os feijões crescem ao lado
passando rente ao nariz do menino
que cresceu um bocado
não há tempo para admirar
porque o tempo chama ao fim
da estrada de tijolos e assim
o menino pode ver o espelho que reflete
a alma que compete
e o sonho que não acabou
O amanhã traz surpresas de ontem
e o Sol traz os lamentos de amanhã
onde a vida ainda não se formou
e o chão ainda não cresceu
a areia forra o mundo
e aterra continua a voar
solta e livre pelo espaço vazio
ela busca um lugar menos sombrio
para estar e dormir
descansar o descanso dos eternos astros
que ainda estão para surgir
Quantas vezes o menino procurou
e não encontrou nada além de respostas
para suas perguntas sinceras
com uma alma tão bela ao seu lado
como ele poderia estar preocupado
se a vida lhe trouxe outra vida
e se a esperança lhe trouxe harmonia
com a paz é possível buscar a paz
e só o pássaro é capaz de cair sem voar
porque ele voa para qualquer lugar
sem rumo e sem destino
o menino segue a estrada de tijolos
e nessa estrada ao final jáz
a tumba do menino sagaz
que busca o que não há para ser encontrado
porque sua vida ele já viveu um bocado.