Os feijões crescem na primavera

E o menino seguiu a estrada de tijolos

sorrindo, o sorriso dos tontos

que sentem pena das maçãs

quando essas estão verdes e imaturas

ainda esperando o tempo de amadurecer

para tornarem-se vermelhas e crescer

como o menino que espera

pelo suspiro da amada angelical

o doce sopro do anjo final

que declara o amor como o seu sinal

de que a vida é imortal

O menino continua caminhando

na trilha de tijolos amarelos

onde os feijões crescem ao lado

passando rente ao nariz do menino

que cresceu um bocado

não há tempo para admirar

porque o tempo chama ao fim

da estrada de tijolos e assim

o menino pode ver o espelho que reflete

a alma que compete

e o sonho que não acabou

O amanhã traz surpresas de ontem

e o Sol traz os lamentos de amanhã

onde a vida ainda não se formou

e o chão ainda não cresceu

a areia forra o mundo

e aterra continua a voar

solta e livre pelo espaço vazio

ela busca um lugar menos sombrio

para estar e dormir

descansar o descanso dos eternos astros

que ainda estão para surgir

Quantas vezes o menino procurou

e não encontrou nada além de respostas

para suas perguntas sinceras

com uma alma tão bela ao seu lado

como ele poderia estar preocupado

se a vida lhe trouxe outra vida

e se a esperança lhe trouxe harmonia

com a paz é possível buscar a paz

e só o pássaro é capaz de cair sem voar

porque ele voa para qualquer lugar

sem rumo e sem destino

o menino segue a estrada de tijolos

e nessa estrada ao final jáz

a tumba do menino sagaz

que busca o que não há para ser encontrado

porque sua vida ele já viveu um bocado.

Magno Quirino
Enviado por Magno Quirino em 12/01/2010
Código do texto: T2024379
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