APÓSTATA
Oh, assombro de alabarda em riste
O que almejas? Que queres enfim?
Não basta este açoite que afronta...
E os meus sonhos chorando tristes?
Inda queres o meu âmago fenecer
Vai-te, pois... Basta desta expiação...
Parte! Deixa-me com essa reponta
Que o coração sangra, mas insiste
Cultivar e amalgamar em mim...
Recolhe teus aguilhões, Ó besta!
Se me ocorre esta existência de ser
E coexistir neste limiar que afronta
Entre bonança e mais denso abisso
Cavaleando no lombo de jurupari
Não queiras e nem venhas conspirar
Ou mitigar essa de luta ao porvir
Me basta a cada dia os comissos
Que me reservas por não despertar
Embainha teus punhais, Ó pútrido!
Mesmo alijado pelos anjos advindos
E degredado no meu próprio calvário
A mim, desde hoje resta o combate
Porém, me socorrer... Também não!
Deixa-me só!... Não estou morto!
Somente cambaleio de lassidão
E conheço, enfim, o meu fadário
Abandona-me... Mente e corpo
Deixa-me seguir o destino, Ó deidade...
Se renego, é pelo arbítrio imaginário!