O que seria de mim hoje se eu fosse o amanhã.

Distante, ao longe no horizonte

as janelas fechadas

a porta está trancada

quem seria eu

quem sou eu

e quem é você?

A história perdida

o livro encantado

o mistério solucionado

a glória das glórias

a honra de viver

A tristeza que engrandece

a paz que entristece

a solidão que chora

e o choro que acorda

assim é a vida

O sentido não está

o relógio já bateu

o sino já tocou

o palhaço morreu

e a história se consagrou

o sangue foi derramado

em nome do pecado

A caneta que assina

aceita as mortes e chacinas

meus braços imóveis

relaxam em meu leito de vida

num tempo que não existe

escuto palavras sem sentido

e vejo quem sou

Vigiado pela mãe

proibido pelo pai

recolhido pelo irmão

perdoado por ninguém

Que dia é hoje?

Não há dia certo

o futuro é incerto

sou apenas um inseto

e insetos são esmagados

pelos humanos

filhos urbanos

Abre a porta e canta

a canção que foi proibida

encontra a carta perdida

e lê os dizeres esquecidos

mostra à mosca

que o zumbido dela

não é razão para viver.

Magno Quirino
Enviado por Magno Quirino em 10/01/2010
Código do texto: T2021052
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