O que seria de mim hoje se eu fosse o amanhã.
Distante, ao longe no horizonte
as janelas fechadas
a porta está trancada
quem seria eu
quem sou eu
e quem é você?
A história perdida
o livro encantado
o mistério solucionado
a glória das glórias
a honra de viver
A tristeza que engrandece
a paz que entristece
a solidão que chora
e o choro que acorda
assim é a vida
O sentido não está
o relógio já bateu
o sino já tocou
o palhaço morreu
e a história se consagrou
o sangue foi derramado
em nome do pecado
A caneta que assina
aceita as mortes e chacinas
meus braços imóveis
relaxam em meu leito de vida
num tempo que não existe
escuto palavras sem sentido
e vejo quem sou
Vigiado pela mãe
proibido pelo pai
recolhido pelo irmão
perdoado por ninguém
Que dia é hoje?
Não há dia certo
o futuro é incerto
sou apenas um inseto
e insetos são esmagados
pelos humanos
filhos urbanos
Abre a porta e canta
a canção que foi proibida
encontra a carta perdida
e lê os dizeres esquecidos
mostra à mosca
que o zumbido dela
não é razão para viver.