ACORDAR

Entram pelas frestas da minha janela

Os primeiros raios de sol.

Amanheceu outra vez...

Volto à galope, agarrada à crina do vento,

Suave tilintar de sinos,

Que bom se morasse lá... Sempre ventando com eles...

Lá se faz o tempo, não existem memórias.

Tudo lá é agora, todo mundo voa.

Voam voltas em volta, leves reviravoltas,

A voejar vivem...

Somos cúmplices do vento que vai...e vem...

Ora somos a aragem que penteia a relva

Ora a brisa que traz o cheiro da terra

A saudade do mato, do chá de capim,

Das flores, das frutas...de uma primavera inteira.

O vento parou, e eu descendo ligeiro...

Aqui existe o relógio...o minuto... a hora...

Então eu envelheço um pouco,

Deixo uma lágrima na ponta do travesseiro

E faço de conta que o meu dia começou agora...