O CANTO DO PASSARO AMARELO

O pássaro amarelo beijou a bela flor e cantou.

-Há saudade onde levaste meu belo mundo, que

bons ventos me trouxeram outrora.

-E o que foi feito do amor meu, por que se foi

perdido e qual a sina de quem ama.

-Qual o preço de tudo que se tem a amar.

Qual o valor que se paga por encontrar um grande amor.

-Solidão, aonde foi que me traíste e onde o

caminho que me enganaste.

-Fui eu teu amigo e teu parente, teu irmão e confidente.

Mas foste tu o carrasco da noite fria e guardião do silêncio.

-Fostes tu o traidor do amor meu.

A bela flor a lhe sentir o beijo, de um todo se abriu e se entregou.

E o pássaro amarelo prosseguiu:

-Onde deixaste minhas lágrimas, não foram elas teu tesouro

e teu pagamento pagos em todas as suas medidas.

-Momentos de solidão e de loucura não foram em abundância

e as noites frias não foram todas tuas.

-Que mais te devo eu solidão que tu não me cobrastes,

o que não te paguei, e que lágrima não derramei.

-E já não há mais valor algum que se possa

acrescentar a teus tesouros.

-Deixa-me ir solidão, deixa-me ir com minha bela flor.

A bela flor abrindo-se deu-lhe mais do que a vida que tinha.

-Deixa-me ir solidão deixa-me ir que nada mais lhe devo.

-Apenas deixa-me ir.