Incêndio na Chapada dos Guimarães.
A rosa em choque se abriu em desalento
E uma nuvem de pétalas errantes
Cobriu de sombras a cor da primavera.
Não se tremia assim por tanto tempo,
Já se sentia o inverno da quimera.
U'a gota de emoção rolava lento
Como lágrimas nos olhos de um dragão.
O peito agora se encontra em desamparo,
A escuridão levou a voz do vento,
Caiu vencido o doce pelo amaro.
Mas há sentido nas dores e no susto
E os sentimentos se escondem no porão,
A escuridão não tem aura, não tem alma
E nuvens negras se apegam no seu busto
Quando se perde o tálamo da calma.
O que dizer se o norte há escondido,
Se perde o prumo o rumo dessa rima
Que espavorida e louca devaneia
Desabrigando um sonho ressentido
Desafiando a luz que se escasseia?
Agora o ser não é mais o que seria
E a vida fica na mão sem pensamento,
A mão divina não alisa mais a massa
Que é outra massa, Que é mera alegoria,
Que ri sem graça, do fogo e da fumaça.