Funda é a Noite

Funda é a noite. Densa. E tu ? Quisera

melhor que tu, mulher que penso.

Densa é a noite. Denso é o ar. Denso

o corpo da sombra. Primavera ?

Primavera em nós. Tu ? Espera.

Alcança-me esse membro. Agora tenso

o arco, e nada silva. Latente, imenso.

Voz do nada. O pulso e a esfera.

Redondo é o segundo e sempre cai.

Eternamente está caindo. E caindo

sabe rodar, longe do som, do comêço.

Funda é a noite onde vives. Olhai

êsse pedaço de lua, essa estrela, sumindo.

Tu és uma mulher e não te esqueço.