Brincar de “não existir”
Não queria me ver, sou pó
Vento ambulante que vai por aí
Areia que forma e reforma esculturas abstratas e intocáveis
Águas do mar que nunca voltam ao mesmo lugar
Vôo sem volta de um pássaro que nunca posou
Sonho que ninguém sonhou
Pecado que ninguém desejou
Pedaço de estrela que sobrou no infinito
Caco de uma história que ninguém leu
Retalhos de vidas passadas
Emendas rotas de algo que alguém escreveu
Um beijo não dado, um abraço roubado
Um nada de tudo que não viveu
Livro sem capa exposto ao tempo
Sombra sem corpo, sem reflexo
Absurdos que alguém jogou fora
Uma quadra de lembranças transitórias
Um poema desgastado e sem rimas
Perdido num baú de lembranças
Algo que a ninguém pertenceu
Dentro de mim só a certeza do “EU”.