Literatura de Um Pardal
- A chuva está batendo nele...
- Olha! Com luva e tudo!
- Ele está com sono...
- Não.
- Não...
- Não?
- Não, que nojo!
- Tem um bicho na cara dele...
- Tem não...
- Ai credo, que criatura comedora...
- Nunca vai ser um pombo com a gente.
- Eu ainda quero aquela perdiz...
- Mas e o pardal?
- Sua freira, como ousa?!
- Cara, tem um ali na grelha...
- Não estou preparado para tantas uvas...
- Nem eu estou, mas fazer o que, está chegando a temporada dos vinhos azedos e voláteis...
- Mas eu queria a temporada das jacas voadoras...
- E eu a dos chafarizes narigudos...
- E os Naguridos?
- Naguridos?
- Eles estão perdidos na beleza dos Bastantes...
- Acho que o sol já vai nascer...
- Tem alguma coisa faltando aqui...
- Ai que medo.
[tec tec tec tec tec]
- Que é isso?
- Deve ser uma barata baterista que nasceu agora pouco...
- Será?
- Cristo! Como parecemos abacates!
- Nossa! É mesmo!