Uva passa
O desespero me sorri , banguela
fosco, lusco –fusco, fluxo.
Entre os dedos corre o vento
corta o silêncio o revoar dos pensamentos.
Onde vou , me vou comigo
deixando ao menos os restos do que fui
penumbras do que serei
Do que serei nem nada sei.
Farfalha quanto pode: pobre esnobe
nada sabe ou saberá.
O que a sombra abriga
Na luz à vontade não fica.
Escreve a vida o tempo
Sem pena nem lápis, sem pena, sem dó
Relógio não precisa
O tempo se mede só
Estar não é ser
Parecer é mero engano
A cortina não abre, reluta
A luz bate à porta, abro?
Miséria que enobrece
Futuro, passado ao presente
Presente do futuro ao passado
O presente passado, futuro irá
Não me engane lente azul
O escuro não tem outra cor
Aberto os olhos nada vejo
Vejo o que quero, ou o que é?
Se viajo do ligar não saio
Se saio, permaneço estátua
Um reflexo incomoda as vezes
As vezes nem sempre me sou
Quando ao menos me aparecem letras
números, folhas ao acaso
Entendo pouco de nada do que se passa
Passa o tempo, tudo passa
Uva passa!