Ser sem asas
Sou este rio bem navegável,
sem leito que se esconda,
sem água que se seque.
Sou este vento irrefreável,
vadio e tudo,
viajador dos quatorze mares
e dos dois mundos.
Sou o espírito de minha alma
e a febre quartã duma doce moléstia,
férias descansadas, agonia repensada,
nada demais que, sem poder ir, fique.
Sou apenas o que eu sou,
sem mágoas e sem rancor,
um homem voador sem asas,
pés ávidos por estradas,
meu próprio confidente aviador...