COMESTE O MEU CORAÇÃO, GUISADO, E QUERIAS O FÍGADO!

Tirana canibal:
Tens no peito uma caverna de tigres
Peço-te, desnaturada, que emigres
Sem mais memorial.
 
Tens nódoas negras no alvor das asas,
Ave da noite escura.
Seu urubu em lura
Que prepara, babando, novas brasas.
 
Guisaste o coração
Em orgias, com vinhos sanguinários
Esfumando-te em fedores latrinários 
De fígado na mão!
 
Não digiras essa hepática posta
Crivada de cirrose
Que por arte de osmose
Vais, fera cruel, esvaíres-te em bosta.
ANTONIO JORGE
Enviado por ANTONIO JORGE em 23/12/2009
Reeditado em 10/03/2010
Código do texto: T1992571
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