EU.COM. POESIA FLOR DA PELE

Quando quase me perco nas entranhas dos reversos

digito meu código de acesso...

E assim ...sou só versos!

Sou on line apenas comigo, e ponto.

Andei me procurando...

quando demarquei na poesia

minha hora de deletar convenções!

Foi assim que me encontrei para sempre.

Hoje sou infinitas extensões

e quando me descarrego,

logo me reconecto por um verso.

Eu carrego sacolas,

retoco o batom no restaurante,

apoio os cotovelos nas mesas,

entro nas filas dos self service,

palito os dentes...não cruzo as pernas,

dou altas gargalhadas,

e tenho sorriso amarelo!

E daí?

Não depilo as axilas,

Não uso corretivos de olheiras

Não aplico botox, não escondo as estrias,

Como chocolate,

Desço dos saltos...

Nem sei o que é celulite.

Mas ando descalça na areia da praia,

a mim...é o que basta.

Reverencio meus cabelos brancos,

que rebeldes empalideceram

de tanto esperar.

Digo bom dia, por favor e obrigada,

-peço desculpas!_

E nunca me senti morta por isso.

Eu amo o pôr do sol porque

vivo a me pôr com ele.

Não troco de carro,

Não troco de celular,

Não troco de geladeira,

Não troco de nada,

Tampouco de coração.

Mas troco de opinião,

porque odeio a inércia do pensamento.

O endereço de mim

sempre foi o mesmo,

porque eu nunca tripudio

e são poucos os que conhecem

os meus explícitos atalhos.

Minhas flores são as gérberas

-único luxo que aprecio-

porque são mágicas.

Simulam margaridas coloridas e refinadas.

Quando pergunto...

são elas que de pronto me respondem.

Da poesia sobrevivo o dia todo

que morre noite!

como um abutre faminto por beleza.

E também não deleto a tristeza

porque é ela quem me sacia os tantos versos

famintos de mim.

Seria como me matar se o fizesse.

Aliás, eu não deleto nada, eu apenas finjo

que o tempo carrega o meu tempo inerte.

Eu também já não cato palavras

não lapido opiniões

não boicoto pensamentos.

Minha existência é autêntica pedra bruta.

Odeio disfarces.

Assim sou,

e sei que pouco sou.

Há crime nisso?

Sou como poucos são

- a exemplo das incautas flores!-

que tão desavisadamente florescem

e depois entristecem...

Certas de que cumpriram a beleza exata.

Nem uma pétala a mais,

nem um perfume a menos.