ODE A PEDRA SABÃO
Às pedras que me fizeram pedra.
Hoje depois de tantos caminhos...
eu decidi ser pedra.
Nelas (e apenas nelas!) eu acredito,
porque em qualquer chão,
pedras são seres autênticos,
e nunca se disfarçam!
São duras armas brancas...
(qual um verso mudo, solto ao acaso)
que não dependem das palavras.
Então foi assim,
por tanto admirar as pedras,
(e por ínfimo senso de gratidão!)
que também resolvi ser pedra.
Mas quando me rolo pela vida
até em meio aos imperceptíveis sopros de brisa
Sinto o quanto é difícil ser empedernido coração.
Até para se apedrejar, é preciso caridosa consciência!
Paradoxalmente a mim
Que sou resistente mas erosionada pedra,
Vez ou outra me derreto qual espuma saponácea
Ao leve toque da poesia dura que me bate.
E aos poucos me esvaeço de mim...
sem norte e sem armaduras!
Roliça entre as demais pedras,
Derrapante e escorregadia...
pelas modelagens do tempo.
Saibam:
As pedras nunca têm culpa,
São apenas a essência...
do que lhes foi permitido ser.