VIDA BARROCA, NATUREZA MORTA...

Havia cansado daquela parede.

Nem sempre é muito fácil se ser quadro,

trancafiado em si nas herméticas molduras,

Impostas por impiedosas mãos,

Exposto a todos os olhos que nunca vêem!

Algumas cores desbotadas,

Poucas cenas eternizadas...

Flores desidratadas

Na mesma prisão de sempre.

Buscou por algum perfume,

Porém o tempo sempre é inodoro.

Sua moldura barroca,de beleza ímpar,

Erosionada por lembranças

Urgia por outras telas, por novas cores, por leves pincéis.

Certa madrugada do museu do tempo

Angariou forças, e num silêncio absoluto

Trepidou na parede

a romper seus tropegos limites.

Fugiu pela janela

e libertou sua natureza morta.