POESIA SEM LEI

Todos os sonhos moram na cabeça de alguém

Nenhum sonho anda perambulando por aí sozinho

À procura de uma cabeça que esteja vazia.

Os meus sonhos quando estão comigo,

São crianças que andam pelas manhas rabiscando de giz as paredes da vida

As vezes eles dançam na chuva, chapiscando nas poças d’agua paradas na relva empapada

Eles são livres e sabem que as janelas das impossibilidades

Estão sempre fechadas

Eu penso que eles vivem no abismo do silencio, no escuro de minha cabeça, onde não tenho acesso

Porque minha cabeça é habitada por pensamentos

Fora isso, ela parece uma armazém abandonado

Se alguém gritar dentro dela, ouvirá de volta um eco triste

Este eco é meu ego desprovido

Ele me incomoda, como uma abelha que adentrou na sala

Onde descansamos

As abelhas são naturais, o que não é natural

É o medo que nos evoca

O medo é meu eu querendo proteção

O meu eu vive no futuro que quero viver,

No presente apenas me protejo do calor debaixo de uma árvore

De onde vislumbro as pessoas da rua e suas torrentes de loucura

A tudo observo, sem planos,

Velhos senhores insatisfeitos pensam sem parar!

Pensar é natural, todavia não é natural ser escravo dos pensamentos

Há uma moça que se achega, respirando alguma ansiedade,

Tem um ar desiludido e olhos levemente melancólicos e belos,

Ela chama minha atenção

Estava ali mas seus sonhos pareciam distantes

Eu sei que não sou o depositário deles

Se fosse, que faria eu? Que nem sei amar?

Se houvesse uma rua no espaço entre eu e ela

Meus sonhos caminhariam por esta rua

Cumprimentando a todos cordialmente

(Por causa desta moça, meus sonhos seriam risonhos)

Eles passariam pelas pessoas com juventude no olhar

Caminhando sob o sol luminoso

E parariam em frente a esta moça,

E convidariam os dela para sairem

E então, andariam pelas estrelas a procura de um céu

Mas meus sonhos não vieram em meu socorro

Eles estavam longe dali, já tinham há muito, saído de mim

Como uma lágrima que cai do olho inesperadamente

Caminhavam, onde meus desejos não poderiam mais alcançá-los

Porque eu me quisera ser sempre amado

Meus sonhos só cuidaram de mim

Assim eu nunca amei ninguém!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 12/12/2009
Reeditado em 18/07/2012
Código do texto: T1973993
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