Poética da dor.
(Variação)
Quase cara de paisagem.
Olhar parado, fletindo imagem
do coração...
Lâmpada acesa, luz contrai
sombreando, sabe-se lá desde quando...
Num traço apenas, uma fenda,
delicada pele, pulsante...
Abre ferida, sem sangue,
carne viva de emoção.
Brotam pequenos ramos,
emergindo do fundo profundo.
Palha tecida de encanto
puxada uma a uma no canto.
Joaninhas passeiam na praça da pele,
brincam de esconde-esconde
delineando a fonte...
Plácido olhar, ritmo alado, sintonia,
sublimação, silêncio, melancolia,
poetica da dor, assimilada paz...
Lânguido olhar, quietude.
Compenetrada ternura,
no arrepio que o Belo faz,
feridas tece e costura,
de toda a criatura...
Gaiô.