VIDA LITERÁRIA

Escuto a máquina de escrever

da primeira tecla que bate

um pássaro dá meia-volta

voa para longe, das seguintes

um menino leva os dedos

à boca e chora

no meio de tinta azul

pintava um céu em círculos

à volta de um sol tranquilo

o pássaro que saiu voando

e o menino que ensaiou

na língua uma palavra azul

são o que hoje soa

da máquina de escrever

Amanhã por uma esquina

do teclado sairá

um homem que esconde

a sua noite por um prédio

num desvão calado

-E a poesia encerrará

as suas teclas mais tristes?

João Tomaz Parreira
Enviado por João Tomaz Parreira em 17/07/2006
Código do texto: T196153