Um enredo

Um enredo

Foi assim de repente

A porta não abriu mais.

Foi um jogo difícil

Entre o abismo e o adeus.

No papel em branco

Escrevi nada e dele

Fiz um barco, depois

Um foguete de cores claras.

Tento encontrar noticias

Do papel em branco.

Me disseram que ele virou

Um pássaro.

Hoje voa livremente

Sobre os continentes,

Provavelmente também

Sobre o mar de minhas lágrimas.

Meu jogo foi a leilão.

Quis ver quem deu mais.

Novamente a porta fechada estava,

Me restou vultos e nada mais.

Quanta falta sinto do meu papel,

Nele tencionei pintar

O mundo com as cores

Que eu mesma inventei.

Esse estar diviso

Entre eu e o papel

Transformou meu pensamento

No pior dos venenos.

(Nas manhãs claras tingidas de escuro busco um sonho, mas meus sonhos os ventos espalham...)

...

Hoje a tristeza não é passageira

Hoje fiquei com febre a tarde inteira

E quando chegar a noite

Cada estrela parecerá uma lágrima

Queria ser como os outros

E rir das desgraças da vida

Ou fingir estar sempre bem

Ver a leveza das coisas com humor

Mas não me diga isso!

É só hoje e isso passa...

Só me deixe aqui quieto

Isso passa.

Amanhã é outro dia

Não é?

Eu nem sei por quê me sinto assim

Vem de repente um anjo triste perto de mim

E essa febre que não passa

E meu sorriso sem graça

Não me dê atenção

Mas obrigado por pensar em mim...

Legião Urbana

Jane Krist