RUGAS DO TEMPO
O tempo rasgou a mente
estraçalhando o pensamento de frente.
Esquecidos os costumes,
atravessou o espaço contundente
rasgando o destino da vertente
dos sonhos adormecidos.
Lá, borbulhavam espinhos e farofas imaginárias,
arcabouços encouraçados,
mágoas enfiadas na verdade entorpecida
igualmente farfalhando o calor da turbulenta infância.
Tritura pedras do passado,
ressurge memórias desabrochadas da juventude nua,
flechada na ociosa tormenta da magia
arregimentada, convulsiva e impertinente.
- O passado parece ter despertado agora
embalando o presente, raspando o infinito do íntimo.
Esgotou-se a dor tresvariante,
interminável cenário ecumênico...
arrastado para fora o que restava da dor,
veio a calmaria do marasmo pretensioso
detonado dos encantos e prazeres.
agora, encara a arrogância do vestígio horripilante
que ruge no desgastante incômodo
ocultando na pele as rugas do tempo -
trampolim, refúgio, esconderijo;
esquemático, incontestável desfecho –
ode ao costume ferido;
árvore podada, algema apertada,
interior, reação pertinaz:
faraônica paródia divisora;
acorrentado albatroz soterrado,
tendão exposto na carne corada.
- O ido e revirado tempo
continua confinado no peito
vigiando as enguias do presente.