RUGAS DO TEMPO

O tempo rasgou a mente

estraçalhando o pensamento de frente.

Esquecidos os costumes,

atravessou o espaço contundente

rasgando o destino da vertente

dos sonhos adormecidos.

Lá, borbulhavam espinhos e farofas imaginárias,

arcabouços encouraçados,

mágoas enfiadas na verdade entorpecida

igualmente farfalhando o calor da turbulenta infância.

Tritura pedras do passado,

ressurge memórias desabrochadas da juventude nua,

flechada na ociosa tormenta da magia

arregimentada, convulsiva e impertinente.

- O passado parece ter despertado agora

embalando o presente, raspando o infinito do íntimo.

Esgotou-se a dor tresvariante,

interminável cenário ecumênico...

arrastado para fora o que restava da dor,

veio a calmaria do marasmo pretensioso

detonado dos encantos e prazeres.

agora, encara a arrogância do vestígio horripilante

que ruge no desgastante incômodo

ocultando na pele as rugas do tempo -

trampolim, refúgio, esconderijo;

esquemático, incontestável desfecho –

ode ao costume ferido;

árvore podada, algema apertada,

interior, reação pertinaz:

faraônica paródia divisora;

acorrentado albatroz soterrado,

tendão exposto na carne corada.

- O ido e revirado tempo

continua confinado no peito

vigiando as enguias do presente.

Zecar
Enviado por Zecar em 24/05/2005
Reeditado em 24/06/2016
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