O Eremita

Luzes e trevas.
Céu e inferno.
O bendito? O satânico?
O jardim e o deserto.
O cume da montanha mais alta.
O buraco do abismo mais profundo.
Divagar no limite da sanidade.
E o espírito acaba por ver o corpo,
e o corpo acaba por perceber a alma.
Dádiva ou castigo?
Liberdade ou prisão?
Carícia ou tortura?
Confiança ou punição?
Missão ou carma?
Dúvida existencial.
Um lugar comum
que parece inconciliável.
A proximidade da infinita distância.
Velha alma perdida no mundo.
Tendo que ser matéria,
mas vivendo por algo tão abstrato.
Crença e dúvida.
Parecer ter tudo
e no entanto,
reconhecer-se vazio.
Qual dúvida?
Qual pecado?
Qual contribuição?
Qual virtude?
Mundos! Infinitas bolas do espaço sem fim!
Tão próximos quanto distantes.
E por isso o sorriso triste, 
a amargura disciplinada,
a angústia serena.
Panos de fundo de uma espera sem fim.


22/08/1995


 
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 13/11/2009
Reeditado em 01/03/2015
Código do texto: T1922045
Classificação de conteúdo: seguro
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