Pé e asa

Tão sem carne este anjo

e das asas, tudo o que me vê sorrindo mudo

quando apenas minhas lágrimas falam.

Sou do céu esse inferno bondoso,

cheio das horas sem espaços

onde há longos dias que choram,

onde há horas que não sofrem.

Sigo o cotidiano como o peixe a água

e sem ser anjo voo com as palavras,

redimindo os versos, ampliando estradas,

porque os meus pés são meus mais mortais alívios.