Quadro sem moldura
Quadro sem moldura
Quando olhei no teu olhar e vi tanto tempo perdido!!!
Tentei apenas semear, um pouco do passado esquecido.
Mas agora não dá mais pra disfarçar, toda esta distância estranha e tamanha.
Simplesmente não há mais ondas para lembrar.
É como se fosse velórica calmaria, dentro da própria morte do mar.
Do que restou da emoção, veio à tona somente compaixão.
Vi e senti letras mortas espalhadas pelo chão.
E quando quis simplesmente lamentar...
Percebi que não havia nem ao menos o que fazer.
E pensar que um derradeiro fio, frágil e esquálido, de repente surgiu.
Foi um rápido momento, querendo desesperado resgatar tanto tempo.
Toda esta história ficou como um quadro empoeirado,
Esquecido, perdido no porão da mente.
E quando te olhei novamente...
Brumas surgiram no nada...
Cobrindo e sufocando o que teimou em sobrar da nossa estrada.
A vela derretida, apagada, em agonia em fenecido pavio.
Nem mesmo o único fio, apenas o frio e todos os rastros e imagens que o próprio tempo consumiu.
E neste último segundo....
Lamentei e como lamentei. Mas agora eu sei....
Nós dois temos que aprender a simbolicamente carregar o peso do mundo.
Peso de uma história, que hoje é um quadro sem moldura, pendurado na amargura de um prego enferrujado, incapaz, coitado de, ainda, sustentar o nosso próprio passado.
Anderson França- Direitos Reservados www.luzescelestiais.rg3.net