Vestida de Chuva

Quando o dia chegar mais tarde

E ninguém mais estiver esperando

Vou usar meu vestido de gotas

De chuva vou me vestir inteira

Assim, dessa maneira invadir a rua

Essa avenida que chamas vida

Vou passar com meu bloco solitário

Sambando e distribuindo sorrisos

Fingindo ser uma escola inteira

Meu vestido molhado de chuva

Faz parte do adereço sonhado

Inventado nas noites de solidão

Meus passos harmoniosos criam

Minha alegria liberta grita

Meu infinito chegou comigo

Na arquibancada um palhaço ri

Debochado do meu desfilar

Seus aplausos se misturam

Com o barulho das lágrimas

Pintadas em seu rosto tristonho

Nada quero além de passar

No amanhã posso contar

Que vestida de chuva na avenida

Pude da vida um instante roubar

E do palhaço que teima em aplaudir

Levei a certeza de que me amou

Pelas gotas que em seu rosto rolou

Da chuva que me acompanhou

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 03/11/2009
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