Mapa da “Terra do nunca”

O lugar que ninguém quer ir

Há um caminho que aponta bem aqui

Dentro dessa cabeça ruim

O lugar mais estranho do existir

Não siga esse roteiro, nem queira

Se perder inteiro, dessa maneira

Esqueça o caminho, apague o traço

Deixe frouxo o laço, fuja de mim

Sem sentido de ida ou volta, sem rota

Não siga as migalhas que deixei escapar

Não há nada há descobrir, conquistar

Um vazio e um obscuro por vir

Sem começo, sem fim, sem glória

Não aceite meus beijos, abraços, desejos

Gritos de sereias, místico, profundo, abissal

Não tenho senão o horizonte sem término

Um mar com tormentas, um abismo profundo

Todas as dores do mundo, formando paredes

Dentro dessa imensa rede, confusos episódios

Essa terra sem promessas é a minha terra

Nem queira saber, nem queira ficar

Não tenho nada a dividir, repartir

A não ser o vazio que plantei dentro de mim

Esse vazio me basta, sou atriz de minha história

Na ilha em que me exilei, dentro de minha memória

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 27/10/2009
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