O DIA EM QUE O POETA ENCONTROU A POESIA
Eu era um cidadão como qualquer outro
levantava cedo
tomava banho morno
comia pão com manteiga
ia trabalhar, voltava pra casa
via TV, depois dormia cedo
Tudo era calmo e certo
dias iguais e nada fazia diferença
então certo dia...
esbarrei nela na rua
tornei –me curioso, algo acontecera...era a poesia
Depois daquele encontro casual
nada mais voltou ao normal
passei a fazer tudo diferente
olhei as pessoas de frente
levantei os olhos pro céu
é como a vida retirasse o véu
tomei banhos de luar
comi frutos do mar
nem fui trabalhar
voltei a cantarolar
vi sereias na TV
dormi um sono inquietante
Hoje em dia,tudo o que falo tem rima
Se acordo torto
pareço morto
tenho marcas no corpo
e no rosto
faço rimas com a manteiga
versos me brotam sem razão
pago contas fora de hora
quando quero vou embora
Nada mais prometo a moças bonitas
meu coração já tem dona e posse
vivo escravo desta sorte
é aquela que esbarro a cada instante
a que me faz gritar em alto falante
que me tirou a vergonha de ser dissonante
Encontrei a poesia
Sou poeta
não me siga
você não vai entender meus caminhos
meu andar é lento, sozinho
e somente quando a encontro
(a poesia)
é que me sinto pleno e completo
Eu sou poeta e ela é poesia
somos mágicos no encontro
somos tudo o que de bom poderia ser
pura entrega, desejo, emoção, explosão
Estou apaixonado pela poesia
mesmo sabendo que ela é de tantos
contento-me com furtivos encontros
quando ela é minha, pura em versos
quando ela me tem num papel
É momentâneo, sim...eu sei
mas não há gosto de fel
é um prazer raro de se provar
Quando a poesia vem me procurar
Eu, que era um homem comum
Transformo-me em poeta, tenho asas
sou visionário de sereias
por novos mares a mergulhar..