Gênesis
Observo a natureza das coisas, estupefato.
Sou alheio a tudo isso ou sou parte de algo?
Sou o prazer queimando na brasa ardente
Ou serei apenas a fumaça que eu trago?
Sou o resultado ingênuo de um cigarro vizinho
Ou do vento que sopra para o meu lado?
Vejo parte de mim nas pessoas que amo
Ou um pedaço que me tenha faltado?
Sou um cego tateando um mundo estranho
Ou um sonhador que o mundo tenha tocado?
Porque vejo parte de mim em tudo?
E Porque tudo parece relacionado?
O ar que respiro, a boca que me beija.
O amor que transpiro, a pele que deseja.
O tudo e o nada brincando de serem iguais, iguais ao quê?
Porque permite, Deus, este pensamento profano?
Donde algo de mim não é mais humano,
Voltei aos primórdios, ao começo de tudo.
Ume escultura de barro, lógica e simétrica
Insensivelmente cego, totalmente burro.