Inspiração

A inspiração entrou pela janela
assim que decidi tomar um ar.
Sentei e conversei com ela,
perguntei se podia me inspirar.

A tarefa, disse ela, é complicada,
me pediu dois bolinhos e um chá.
A noite foi, então veio a madrugada;
a inspiração e eu a conversar.

Metódica, do chá tomava um gole
a cada dois pedaços de bolinho.
É preciso primeiro matar a fome,
para depois descobrir o seu caminho.

Gesticulava e com os gestos desenhava
poemas concretos, poemas-bastão,
como aqueles da química escolada;
fórmulas, carbonetos, combustão.

Me surpreendeu, também era matemática,
se transformou em números na minha frente.
Assustado, gritei "Senhora?" de repente,
ela virou-se para mim e disse "fática"!

Corri e rabisquei no meu caderno
ela leu e olhou com reprovação.
Tinha escrito poemas de inverno,
ela queria poemas de verão.

Irritado, a coloquei para fora,
ela nada tinha a ver com os meus poemas.
E hoje quando escrevo tenho problemas
por causa de uma inspiração que chora.


Confira também o Na Ponta dos Lápis, blog sobre literatura e poesia!

- Para mais textos, confira o site do escritor: www.leonardoschabbach.com
Leonardo Schabbach
Enviado por Leonardo Schabbach em 23/10/2009
Código do texto: T1883132
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.