SONHO DE VIVER
A água tão clara de um rio
desliza fria, fagueira e gostosa;
pedrinhas batem nas outras,
multicores, graciosas e meigas;
uma natural alegria.
E eu nela lavo minhas mãos,
sorvo o frescor da manhã;
me deito na relva e respiro com o sol sobre mim.
Bem longe, de onde eu não sei,
um vento bom balança a flôr, que delira;
e há tanto canto entre as folhas,
estranho é o dialeto da paz;
paz simples da harmonia.
E eu pego a terra em minhas mãos,
beijo o aconchego do chão;
e rolo, me sento e sorrio até me cansar.
Lá todo humano é comum,
nos lares, labores e laços há o amor;
há menos rancor e mais perdão,
todos caminham no mesmo passo;
é irrisória a mentira.
E eu sou cabra cega feliz,
à noite, em meio à gurizada;
estrela cadente, não deixe o meu sonho acordar.