SONHO DE VIVER

A água tão clara de um rio

desliza fria, fagueira e gostosa;

pedrinhas batem nas outras,

multicores, graciosas e meigas;

uma natural alegria.

E eu nela lavo minhas mãos,

sorvo o frescor da manhã;

me deito na relva e respiro com o sol sobre mim.

Bem longe, de onde eu não sei,

um vento bom balança a flôr, que delira;

e há tanto canto entre as folhas,

estranho é o dialeto da paz;

paz simples da harmonia.

E eu pego a terra em minhas mãos,

beijo o aconchego do chão;

e rolo, me sento e sorrio até me cansar.

Lá todo humano é comum,

nos lares, labores e laços há o amor;

há menos rancor e mais perdão,

todos caminham no mesmo passo;

é irrisória a mentira.

E eu sou cabra cega feliz,

à noite, em meio à gurizada;

estrela cadente, não deixe o meu sonho acordar.

Tony Guedes
Enviado por Tony Guedes em 04/07/2006
Código do texto: T187361