Rumo ao posto de recolhimento*
"– Que venham os famintos.
Quê podem eles saber
do elemento transformador?
Ânsia de derrubar castelos?"
A ânsia de derrubar castelos.
A sede de incendiar geleiras.
A fome de tracejar conjurações
arquitetonicamente sustentantes,
digestivamente forrantes
à criança entorpecida,
que baba
pelo fruto então proibido.
O desejo de extrair a lança
da armadura (somática).
Sutis escudos desenham
o trajeto dos carros camuflados.
Da fábrica de pensamentos de uma geração vulcanizada
sobe ocre um rolo de fumaça.
"– Que venham os hediondos.
Já temos os dentes triangulares bem presos
às extremidades."
Surpresa libertária
em meio ao bosque de símbolos
gastro-versados.
Ao lado do posto de recolhimento,
além das cercas elétricas,
o Ídolo se decompõe
em fragmentos arenosos
– silicato fumegante entre aromas acrílicos.
Queimam isopores os pequeninos,
enfurnados em trajes anti-incêndio
e deleitando-se na aspiração
de um novo gás.
"– E nós temos
o elemento devorador."
A fissura na máscara-sapo
atinge no coração o inocente saqueador.
A profusão de víveres saqueados
pelos famintos
lhes custará o próprio sangue
(alaranjado e fino).
Mangueiras lança-chamas fazem seu dever.
Os corpos dos roncantes jazem quebradiços.
Mantimento praticamente intacto no segundo veículo.
Quase todos os ratos ficarão fortes e corados.
* Ou então: “Castelos de gelo detém o segredo do fogo”