NAU SOLIDÃO
Nadir A. D'Onofrio
 
Meu barco é de ilusões
Velas sempre enfunadas!
Singrando mares, cavalgando ondas...
Tenho pressa de chegar,
Na melodia do vento,
Que as ondas acariciam
Ouço teu comando, Norte ou Sul?
Leste ou Oeste?
A bússola deixou de funcionar!
Aturdida fico à deriva,
Nem a carta náutica consigo utilizar...
Nela só vejo seu rosto,
Nas coordenadas seu nome.
Abre-se sobre o mar,
O breu tenebroso da noite,
Não visualizo o cruzeiro do sul...
Terei tempestade ou calmaria?
Instintivamente giro o leme
Tento encontrar minha rota
Em barco de amor transformar
Essa nau, chamada solidão!
 
Mas e você nobre capitão?
Estará no porto a esperar-me?
Ou será que quando eu lá aportar,
A mesma estória se repetirá?
De ouvir ao longe um apito,
E mais uma vez decepcionada,
Coração oprimido, lágrimas que teimam
Pelo rosto deslizar, tentando compreender...
Uma realidade que recusarei aceitar.
Com os obstáculos surgidos,
Novamente retardar minha chegada,
E no antigo, cais, só restará
Acenar, seu barco...
Mais uma vez acaba de zarpar.
Se isso acontecer,
Juro-te, meu capitão!
Verás uma cena de pirataria,
Do cais, teu barco partiu
Mas da barra, ele não sairá...
Pois, para minha nau
Você terá que passar!
 
O que acontecerá, depois?
Só o tempo dirá...
 
06/08/2004
Santos/SP
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