Coisamente!

A coisa tem forma disforme:

É esfericamente quadrilátera,

Tridimensional, liquefeita e elíptica.

Em cada um dos seus lados oblíquos

Percebe-se, diagonalmente, a polidez versátil de suas entranhas...

Nebulosa, traz em seu centro as adjacências perpendiculares

De suas extremidades concêntricas.

Não se vai além de suas curvilíneas abstrações...

Mas, atentando-se para os pontos reticulados e sinuosos

De suas excrescências, pode-se, claramente,

Verificar a transparência difusa de suas partes desfragmentadas.

É uma desfiguração continua, desmembrando-se...

O obscuro objeto indeterminado, oculto:

Contraindo-se, dispersando-se, fundindo-se, sublimando-se,

Avolumando-se, flexibilizando-se, desconstruindo-se...

É concreta, petrificada, porém incomensurável.

Contornável, epidérmica, mas incognoscível.

Sua volubilidade é constituída de insondáveis Arcanos...

Seu corpo imaterial tem estruturas moleculares diáfanas

Que interceptam o rompimento do vazio.

Sua totalidade cósmica e etérea se esvai

Ante a compactação de suas partículas atômicas...

Mas, num desprocesso inconcebível,

Toda sua complexidade indevassável...

Se coisifica na simplicidade de um objeto qualquer!

(Escrito em 18 de maio de 2009)