Guerras Sem Fim
 
Autor ou ator
de uma dramática farsa
que foi longe demais.
O medo que tenta invadir,
a tentativa de agarrar-se
aos escombros de um naufrágio.
A insegurança de quem colocou
em risco as possibilidades futuras.
Já não consegue ordenar os fatos
do passado e do presente.
O coração descompassa a sua batida,
quer afugentar o incômodo.
Reprimido, sente-se enraivecido,
desejando afrontar o que lhe afronta.
Um animal que, acuado, 
prepara-se para lutar por sobreviver.
Estranho combate,
já que o oponente
mostra-se invisível e sem corpo.
O tal tempo que não aparece,
apenas o passar do dia o denuncia.
Apenas os medíocres relógios o delatam.
É a juventude que se vai.
É a predestinada velhice
que chega sem dó, 
nenhuma piedade.
É o feitor dos dias do corpo 
que faz questionar sobre a eternidade.
É a tão aterrorizante
como real efemeridade
dando o seu grito inútil.
Dissimulando o seu desejo
de um encontro,
sem que o aguardasse.
Fantasiando-se de Dom Quixote,
requisitando um Sancho Pança.
E berrando, alucinado, 
para que os céus
esquecessem sua Dulcineia  
e lhe enviassem
os seus moinhos de vento.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 01/10/2009
Reeditado em 09/08/2015
Código do texto: T1842221
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.