Espelho

Fiquei assim jogada num canto

Desse canto saíram notas afinadas

Contraste de um viver sem brilho

Nesse canto, espaço morto pelo tempo

Fico sozinha e num lamento

Choro minha falta de coragem

Encontro na sua foto uma miragem

De algo inacabado, por isso eterno

Quero me livrar do vil vulto

Como se fosse um peso na minha alma

Sentado em meu peito descansa

Sua imagem viva e sorridente

Olho meu reflexo e te vejo cantando

Canções que vivemos no passado

Músicas que ainda tocam

Insistentemente no meu caminho

Não estou sozinha nessa caminhada

Sai do canto e entrei na dança

Agora perdida nessa estrada

Em que vejo o adeus não dito

Num momento distante e hoje vivo

Sinto que fui covarde e hoje o pranto

Se faz presente enquanto escuto

Tua voz nas canções do Chico.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 29/09/2009
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