VÊNUS EM ANDRÔMEDA
No comprimento e na largura, te desdobras ao chão,
Com reconhecido aroma, invadindo meu passado.
Três eixos perfuram o quarto, em pontiagudas sombras:
Pela porta, janela, teto, dos braços, pés, seios ...
És cartesiana serpente.
Fora, o latejar do nada pulsa ondas subsônicas,
Enquanto a saudade de teus braços a mim me alcança.
Entro em ti devorando fusões, em fissões, em frissons.
Bebo na fonte o leite da galáxia insaciada.
És subvulcânica solar.
Respiro por tua boca, oásis em ventos e areias.
Anfíbio, chafurdo nas úmidas, ocultas sombras.
O buraco negro, no espasmo do voo partilhado,
Revela fêmea em quente meteorito esculpida:
És Vênus em Andrômeda.