UM DIA FATAL

UM DIA FATAL

Sonia Barbosa Baptista

(Poesia)

Num acordar silencioso,

deparo-me com tal situação.

Vendo meu quarto cheio de gente

e eu ali, deitada no colchão.

De olhos fechados, ainda vestida

com a minha roupa de dormir, então:

No impacto, de olhos arregalados

sem entender, tento gritar, mas:

Onde está o som da minha voz,

que eu grito e não a ouço?

Tento olhar as pessoas nos olhos,

mas ninguém olha pra mim.

Ando de lá para cá, dentro do quarto.

Vou à cozinha e ao passar pela sala

vejo mais pessoas sentadas no sofá.

Sento no meio das minhas irmãs e elas

se entreolham como se não me vissem.

Estão chorando.

Fico em reflexão por minutos

olhando todos que estão ali.

Vejo alguém que inconformada

porém sem forças pra chorar,

só consegue soluçar baixinho.

Parentes e amigos, a casa está cheia.

Vejo a minha mãe, e...

sorrio, mas como pode?

Ela já está desencarnada, porque está aqui?

_Como ela está linda!

E contornada por luz clara, num canto

de braços abertos, sorri para mim.

Aconchego-me no seu abraço

e num instante mágico...

estamos voando rumo ao céu.

De repente:

Olho e não reconheço ninguém

que também no espaço, se voltam

para olhar nós duas, como se fôssemos

pássaros cujas penas eram feixes de luz .

19/09/2009

Sonia Barbosa Baptista
Enviado por Sonia Barbosa Baptista em 19/09/2009
Reeditado em 03/10/2009
Código do texto: T1819141
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