Esquinas e Becos


Becos escuros,
marginais viventes
do relevo urbano.
Paredes que impedem
o caminho, muralha ocasional.
A boca, uma garganta
e o horizonte foi deglutido.
Cercado, cerceado de movimento,
sedimentado ao solo.
Aversão à vida,
toda uma apatia
que apaga o psiquismo.
E o brilho vai-se
para deixar
que tudo ganhe tons opacos.
A morbidez
que mata aos poucos,
que abate os sonhos.
E a chama do desejo esgota-se, 
criando grande frieza.
E o frágil cristal
da personalidade
quebra-se em pedaços.
Um objeto atirado
com velocidade
contra a dura parede.
E este quebra-se todo,
enquanto
a parede fica indiferente,
como que a desprezar
o ato ínútil.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 12/09/2009
Reeditado em 24/02/2020
Código do texto: T1806291
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