A FREIRINHA SUICIDA
A freirinha caiu exangue
sobre o velho piano.
Ela quis morrer, pois morta
já estava desde há muito.
A freirinha tomou veneno
enquanto tocava Chopin
e sua alma já estava morta
e nem cem anjos a ressuscitariam.
A pequena freirinha teria amado?
Uma alma sensível assim, uma poeta?
Após tantos anos foi vista vagando
e ninguém mais tocou no velho piano
mas em alguma noite silenciosa e fria
ouviu-se um claro som lá em cima...
Antigo corpo prisioneiro,
agora é alma que pena!
E não há anjos que a possam libertar
pois por absurdo que pareça
insiste em aqui ficar,
ela quer uma nova vida:
o suicida é aquele
que mais desejar viver!
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Nota da autora: esta prosa é baseada em fatos reais. Um prédio aonde funciona agora uma escola e uma unidade da Universidade Estadual, era antigamente um convento. A freira em questão tocava piano e suicidou-se junto dele. O piano ainda se encontra lá no último andar e como entro no prédio algumas vezes, pretendo subir pra ver o tal piano. Depois eu conto como foi.