Auto-retrato II
De fumaça no escuro me faço,
fumaça que o vento leva embora para o espaço,
para o vácuo, para o nada.
De lápis de cor me desenho e me pinto
as vezes cravo, as vezes espinhos, as vezes lírios,
as vezes arco-íris colorido, outras vezes descoloridos.
Um desenho meio torto,
com aquarelas sem cores desenho.
De lápis grafite me refaço e mesmo assim me desfaço
sem demora com a borracha do tempo escasso.
De ilusões me ergo do presente me guardo
e dos erros me desmancho, as verdades me pertencem
mesmo sendo raso, fraco, pequeno, decrescente.