A Lugar Nenhum


A imagem das caladas
esfinges do deserto
e os também mudos
santos dos altares.
Deuses de carne e osso
trucidam-se em busca
da memória do heroísmo eterno.
As senis batalhas.
A queda das muralhas
dos portentosos castelos medievais.
Só restam fantasmas, 
só sobram almas penadas.
A triste sina dos aprisionados.
Ecoa o grito de um enclausurado
numa alta torre.
Não existem ouvidos disponíveis.
E gritos surgem daqui e dali,
criando o urro das volúveis
multidões insandecidas.
Tudo há de terminar
numa lápide, em honra
ao esquecimento no tempo futuro.
O impulso de lutar pela vida.
A mosca que bate contra
o vidro até a morte.
E na busca obstinada
pela sobrevivência, suicidar-se
no veneno da ignorância.
O orgulho competindo
com a vaidade
e ambos chegando
a coisa nenhuma.
Árido é o espaço
onde antes havia pensamentos.
Seca está a garganta de palavras.
Entretanto, o silêncio engana,
não está vazio,
é apenas ausência aguardando
o girar da roda do tempo 
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 08/09/2009
Código do texto: T1798961
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