MEIO AO MEIO

MEIO É O MEIO AO MEIO O MEIO SÃO DOIS
E A INQUIETAÇÃO NO FRONT (A MÁQUINA PENSA POR NÓS?)

SAIO ÀS RUAS
PARA SILENCIAR A MENTE
TUDO É DEPRIMENTE TENHO DEPRESSÃO
CARRO E O CANO DE DESCARGA FAZEM LACRIMEJAR TODO MEU GLOBO OCULAR
RESPIRO FUMAÇA E VAPORES QUENTES PENETRAM NO MEU ÍNTIMO
INSTALA-SE UMA INSATISFAÇÃO E O DIA FICA TORPE
NÃO CONSIGO VER SEMBLANTES ALEGRES NAS PESSOAS QUE ENCONTRO
VIVO A TENSÃO DENOMINADA STRESSES NA TENSÃO ESTUPIDA DE CADA SER
AQUELE AR SENSITIVO DAS PESSOAS HOJE É QUASE UMA RARIDADE

NO CARRO O CELULAR É QUE TOCA, E NO RÁDIO DO CARRO UMA CANÇÃO QUE NÃO PRESTAMOS MAIS ATENÇÃO
ENTRA EM VIELAS, PORÉM NÃO SAI DO CARRO
AS PESSOAS QUEREM SER O QUE NÃO SÃO
ESTACIONA NA CALÇADA, NUNCA RESPEITA A FAIXA DE PEDESTRE
AS CIDADES VIVEM RUSH A QUALQUER HORA
PASSA A PASTA NA LATARIA DO CARRO VEM AI O FERIADO
OS PNEUS ESTÃO CARECA, O PORTA MALA É PEQUENO, O BANCO DO CARONA VOU TROCAR, A GASOLINA SUBIU, E A REDUÇÃO DO I.P.I
NA MANHÃ DE DOMINGO LAVA O CARRO PARA A PRÓXIMA APRESENTAÇÃO
O BARRO GRUDOU NO PARA-LAMA E NO PARA-CHOQUE
UM CHOQUE TALVEZ SEJA A SOLUÇÃO
SERÁ QUE VIVEMOS NA CIDADE QUE NÃO PENSA

A CIDADE CONTINUA A MESMA
VOU RESPIRANDO O AR QUE EU NÃO PRODUZO
MESOLOGIA, FISIOLOGIA, E SE TUDO VAI ACABO FICANDO
FICO UM TANTO QUANTO, SEM SABER, PORÉM SABER O QUÊ?
NENÊ GORDUCHO NASCE RESPIRANDO O AR POLUÍDO QUE SEU PAI SORRINDO PRODUZ TODOS OS DIAS
ISTO É O CAOS URBANO, MAIS UM CIGARRO
QUAL É O MEU ESPAÇO, INVASÃO DE PRIVACIDADE QUE EU NÃO AUTORIZEI
O ESPAÇO É DE TODOS, MAS O MEU NÃO É RESPEITADO
MAS O TODO NÃO É CONSCIENTE
NESTE MOMENTO SAIO PARA OUTRO LUGAR

A CIDADE NA PÁGINA PRINCIPAL DO JORNAL
OS SÁBIOS NA ASCENDENTE...
HÁ UMA LUZ OCULTA QUE EU SIGO
QUE CAPRICHOSAMENTE MORA NO STAND BY DA TELEVISÃO DO VILAREJO
ESTA LUZ É A SENHA DE UM MUNDO QUE SE DIZ EM EVOLUÇÃO

A CIDADE VOLTA A SER A MESMA
SAIO A RUA PARA APRENDER A SILENCIAR A MENTE
FICO CONTENTE ENQUANTO CONSIGO ESCREVER
PORÉM O RISO É CONTIDO PELO QUE VEJO
CADÊ O POVO?
DIGO CADÊ O POVO NA RUA
NÃO É REVOLUÇÃO É O POVO NA RUA...
SIMPLESMENTE
NINGUÉM SAI MAIS DOS SEUS CARROS
PASSEIO PÚBLICO, PASSEIO PÚBLICO, PASSEIO PÚBLICO...
CADA DIA MAIS CAÓTICO
PESSOAS LINDAS ATROFIAM-SE NAS ACADEMIAS E SENTE QUE SÃO AS MELHORES E MAIS IMPORTANTE

AS RUAS AVIZINHAM-SE CARROS DUPLOS
PEÇO PASSAGEM, ONDE ESTÁ A EDUCAÇÃO
SEU CARRO LOUCO É MAIS IMPORTANTE DO QUE O SER HUMANO
NA CALÇADA EU ME SINTO DE OUTRO MUNDO
DEIXE O SEU CARRO EM CASA, SEJA FELIZ, PASSEIO PÚBLICO
O VERÃO ESTÁ CHEGANDO, VOCÊ FICA PENSANDO NO CARRO
CADA ESPARRO, VOCÊ DITA A SOLUÇÃO, INSULFILME
A VERDADE ESCONDIDA CADÊ VOCÊ
FAÇO AO VIVO, FAÇO E DIGO, FAÇO FAZENDO
O VENTO QUE RESPIRO NA COMODIDADE DO AR CONDICIONADO DO CARRO

A CIDADE CONTINUA A MESMA
AUMENTO DE VEÍCULO
DIMINUIÇÃO DE GENTE
AUMENTO DE VEÍCULO
DESASTRE INCONSEQUENTE

AS PESSOAS ESTÃO DISTANTES
O QUE ME ESTRANHA QUE SÃO TODAS GENTES
A VEZ, A VOZ É A BUZINA DO SEU CARRO, E COMO A GENTE VAI ENTENDENDO ESTE CHAMADO
O CELULAR TOCOU MAIS UMA VEZ

A LUA ESTÁ SEMPRE LÁ REVEZANDO COM O SOL

A CONVERSA NAS TARDES, QUASE EXTINTA
VENTOS NORDESTE NÃO APRECIAM MAIS
CARROS E SUAS CORES METÁLICAS QUE FALAM
CADÊ VOCÊ?
CADÊ O DIA, QUALQUER DIA É UM DIA QUALQUER
CADÊ A ALEGRIA DE VIVER?
O CARRO!
O CELULAR!
HÁ VAGA, PARA O CARRO E O CELULAR?
ENQUANTO AQUI AS PESSOAS NÃO PARAM PARA CONVERSAR

RUSH: CORRE-CORRE MOVIMENTAÇÃO INTENSA DE CARROS
Moisés Cklein
Enviado por Moisés Cklein em 06/09/2009
Reeditado em 06/09/2009
Código do texto: T1795108
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