Eu sou o vento
Eu sou o vento
Aquele que vem sem ser chamado
E canta nas janelas quebradas
Dos sanatórios
Nunca estou próximo
Nem distante
Seco as roupas nos varais
Desfaço as nuvens
Arranco as velas dos barcos
Brinco com aviões de papel
Levanto as pipas coloridas
E as saias das mocinhas
Lunáticas mãos
Faca na manteiga
Acredite em qualquer coisa
Espere por ninguém
Eu sou o vento
Com pouco não me contento
Venho e vou
Sem rota ou destino
Tantas viagens/tantos telhados
Tantas histórias/ tantos moinhos
Tantas ondas/ tantos cataventos
Tantas cartas/ tantos caminhos
Faço dançar o abraço das flores
E o beijo das fadas
Rasgo cicatrizes nas serras
Deixo sorrisos nos campos
Carrego segredos
Sopro bandeiras desfiadas
Derrubo as árvores
Descolo cartazes
Eu sou o vento
Aquele que nem bem chega
E já parte de repente
Feito um suspiro