Efêmera
Não existo de fato
Sou apenas um perdido retrato
Em preto e branco envelhecido
Pelo tempo e pelo trato
Ao me abraçar me desfaço
Sou um frouxo laço
Uma fumaça que se vai
Não fico, não amanheço
Nem sequer me conheço
Sou fuga sem rota
Uma vitória ou uma derrota
Nada tenho a declarar
Um aprendiz eterno
Algo que não se governa
Anarquista por intenção
Feliz por opção
Quero ficar atrás da cortina
Ver o palco como se ilumina
Quando a vida começa a dançar
Sou restos de algum pesadelo
Algo que não se pode sonhar
Quando penso que fui
Nem sequer sai do lugar
Só sei que sou água e que um dia
Pela tua praia vou passar
Sou a quimera perdida
Que ninguém quer encontrar
Me basto sendo o lamento
De quem se perde em meu mar