Efêmera

Não existo de fato

Sou apenas um perdido retrato

Em preto e branco envelhecido

Pelo tempo e pelo trato

Ao me abraçar me desfaço

Sou um frouxo laço

Uma fumaça que se vai

Não fico, não amanheço

Nem sequer me conheço

Sou fuga sem rota

Uma vitória ou uma derrota

Nada tenho a declarar

Um aprendiz eterno

Algo que não se governa

Anarquista por intenção

Feliz por opção

Quero ficar atrás da cortina

Ver o palco como se ilumina

Quando a vida começa a dançar

Sou restos de algum pesadelo

Algo que não se pode sonhar

Quando penso que fui

Nem sequer sai do lugar

Só sei que sou água e que um dia

Pela tua praia vou passar

Sou a quimera perdida

Que ninguém quer encontrar

Me basto sendo o lamento

De quem se perde em meu mar

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 22/08/2009
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