Arado que lavra à flor da terra.

O que é o desejo?

Essa lâmina de dois gumes

Que vai lentamente cortanto o peito

Vai sangrando a fria entranhas.

O que é essa cobiça ?

Que vem com sua língua quente

Nos faz perder o pudor

E se entregar a insanidade.

Ó minha amada, diga-me:

Se eu te entregar meu corpo

Para te servir de alimento,

Seria o suficiente para acalmar

tua fome ?

Que te consome

Feito sodas cáusticas.

Ou te deixaria mais faminta ?

Quem é esse tirano ?

Que suplicia-me em noites em claro

Percorro minhas mãos inflamo

Sobre os insensíveis lençóis

E não encontro nada que me edifique.

Quem é esse infrator ?

Que viola meus anseios

Enquanto procuro teus seios,

Macio. Com a língua travada

Entre meus dentes cerrado.

Minha boca saliva, destila peçonha

Arde feito fogo e enxofre,

Febre.

Uma busca descomedida,

Assédio.

Produto químico césio

Derreti a matéria humana,

Doce caudo de cana.

O que seria da mórbida carne

que cobre os nossos ossos ?

Se não fosse a emorragia do desejo

Se não fosse esse tato

Esse querer doentio, que afundo fere-me

Estraçalhando tudo á frente

Dos olhos atônitos em êxtase.

Um dia te encontro

Travaremos uma luta renhida

Sem renúncia.

Enquanto você me apunhala

Eu te esfaqueio, te faço uma sangria

E bebo a vida que dê-te jorra.

Raumsol
Enviado por Raumsol em 13/08/2009
Código do texto: T1751609
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