O acordo

Meia noite sossegada

Vejo o prado ruazinha.

Passa ao longo o fino vento

Que me leva o pensamento,

E faz gelar até a espinha.

Meia noite encruzilhada

Me pergunto quem caminha.

Vem a voz do firmamento

Vem com sopro grave e seco,

Faz gelar até a espinha.

– Quem és tu?

­– Sou o preto Principá,

Vim das bandas do oeste

E teus sonhos vão comigo,

Vão comigo eu vim levar.

– Vais levar baú vazio,

Que a muito deixará,

Tão pesado que se preste,

Que se preste a te enganar.

– Vens contar história velha

Para alguém que faz trabalho

A arte antiga de enganar?

Te sugiro então trocar.

– Trocarei então contigo.

Quero um Dom, meu velho amigo.

Quero o dom de me expressar

Para nas dobras deste tempo

Minha letra aqui deixar.

– Feito!

Levo então aqui comigo

Da medula ao pensamento,

Levo a alma e deixo o corpo

Que é pra ti ficar com o sopro

Da inspiração por dentro.

Silvana Bronze
Enviado por Silvana Bronze em 25/07/2009
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