a lua do homem

O homem foi a lua

Mas não visitou a alma do amigo

Não acariciou a aura de sua mãe

Não pressentiu a presença de quem se sente só

E abandonado

O homem foi a lua

Mas não matou a fome dos famintos

Não evitou as mortes daqueles que gritavam por socorro

Olhou o planeta azul

Imerso em nuvens e água

E não afogou toda mágoa que tinha no peito

O homem foi a lua

Deixou sua pegada para eternidade

Fria e distante do satélite

Mas não fez tudo que podia pelos que aqui

estavam

bem ao seu lado, na porta vizinha,

Na próxima rua,

Deixou trinta etiópias morrerem a cada ano.

Vinte e duas coréias e vietnãs reeditarem a guerra

no golfo pérsico

O homem foi a lua

Mas não conquistou a solidariedade

Não consolidou a dignidade

de qualquer ser humano

Não salvou as baleias

Não salvou a ave dodô

Não impediu o aquecimento global.

O homem é frio como a lua

E quando a conquistou

Ganhou de presente um coração de dragão

Ninguém o entende e quando irritado

Solta labaredas mortais e

transforma tudo em fuligem.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 20/07/2009
Reeditado em 22/02/2010
Código do texto: T1710059
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