Poesia dos Olhos
Gosto dos meus olhos,
Olhos tristes,
Claros, amedrontados.
Ficam a ver tudo o que os rodeiam,
Por temerem algum ataque surpresa,
São ligeiros, silenciosos.
Duvido que gostem de beleza,
Vêem tudo com indiferença,
Numa constante ausência ocular.
Ficam a flutuar em suas órbitas,
Como se estivessem imersos em ar,
Retinas reticentes.
Luz que emerge de fontes invisíveis,
Batem nas coisas,
De soslaio meus olhos as absorvem.
Olhos que vagueiam por espaços vagos,
Em meio a escuridões e claridades,
Retinas que se expandem e se contraem.
Olhos cobertos por pálpebras pesadas,
Preguiçosos quando chega a madrugada,
Se recusam a ver...
Itaci Silva Camelo