Baile em vento

Desespero é aquilo que dá sorte ao azar,

É um bazar onde a morte escolhe o que deseja,

Jactanciosas mortes que mortais anseiam não ter.

Quando olhamos a vida ontem, dizemos:

“Morrer é sensato.”

Desespero como tempero do esgoto que está nosso destino.

Incerto e desesperado destino (...)

Diásporas que contam passados azedos,

Um passado que trai São e fé,

A unidade materna do erro final:

O deixar viver.

Pense então em choques.

Catalisando com o peito um bravo búfalo,

Na frente o cranio, em cima a roda,

O cravo que teima em espancar a rosa,

Da ultima vez ele a atropelou,

Não poderia ser de tal ver,

Flores belas que vão pru ralo,

Pelo atalho de maiores sofrimentos,

A dor de um inferno dentro do próprio quarto,

Com o próprio macho que escolheu possuir sendo ele, o Calisto da coisa,

A chora de dentro de quem deixa de sonhar.

Então dá-se posse:

O azar escolhe, e diríamos: “É sensato nosso destino.

Passados e fé pelo erro fatal:

O sonhar de um quarto sofrimento ralo,

O cranio, na frente, catalisando”.