A bandida do filme que invento
Eu tão só
no meu lamento
cometendo loucuras
no meu quieto
eu que já não choro
só vela, luz e vento
sem flores amarelas
que me venha logo a primavera
e todo o seu vermelho e azul
e tantas abelhas irrequietas.
Eu tão só
com minhas letras e anzóis
já não pesco ou janto
não sou santo
quero pecar no meu canto
no chão
ou sobre a cama quente
mesmo no deserto
do incerto
Eu tão só
me levanto no meio de tanta gente
digo o que me pedem
falo o que nem sinto
mas sei, dentro,
a tempestade que sustento
Eu tão só,
bandido no meu cavalo branco
de um filme antigo
busco a pessoa exata
e que more perto
a Clyde do Bonny
do filme que invento
pode ser alguém
sem tento, juízo ou norte
pra tentar a sorte
e jogar o jogo do incerto
na vida amor e dor é o que conta
o resto é morte