Boca após dentista

Com todos os talos de dentes do lado de fora da gengiva,

Com todas as raízes e um pouco sangue,

Sem ver de onde veio todos os dedos na cara.

“Houve uns gritos, uns [cobre de pancada,quebra a cara dele!].

Mas tempos não vão voltar o calcio pru osso,

Mas tem estes remédios aqui!”.

Viver bêbados com as mezinhas que trouxeste,

Viveram exatos dois quarterões,

Quando a camionete os partiu em três,

Jogados vermelhos sem forma sobre o piso dos transeuntes mortos,

Naquela manhã de oito de maio de setenta e três,

Homens fizeram sua passagem.

Homens fizeram as passagens deles.

Os defuntos.

Aqueles que jogam bola, vão em restaurantes e vem filmes chineses.

Não ficaremos em negatividades,

Não mais, lhe falamos que doeu,

Não conseguimos comer,

Nem Neila chupar,

Nem de forma profética conceder a adivinhação,

Saber a exata hora que o estomago vai roncar,

Sem pedras irmão o seu ato é desabar,

E poucos irão entender a iniciativa,

O fluxo difuso da voz passiva,

Morrer como proposta da noite.